domingo, 24 de janeiro de 2010

Dois Lados em Conflito...



Eu tenho em mim dois lados em conflito;
Um lado explode em lágrimas sentidas,
Incontroláveis ecos do meu grito
Nos frios labirintos desta vida...

Outro lado de mim é um "deus" aflito;
Tem a imagem nos astros refletida,
O olhar triste perdido no infinito,
E emoções inexatas, divididas!...

Um lado abraça a compaixão da lua;
Vai pela noite, livre, sem destino,
Qual branca nuvem que no Céu flutua!...


É pena que em meus olhos cristalinos
Mora o lado sem cor de uma alma nua
E nem posso sonhar como os meninos!...
Ciro di Verbena

Apaguem-se as Estrelas...




Eu quero o amor devasso e pervertido,
O amor transcendental dos insensatos,
Aquele que nos leva ao suicídio
E como luz nos faz viver de fato!

Eu quero o amor loucura e sem sentido,
Senhor absoluto dos meus atos,
Amar-te ignorando o proibido
E transmutar em nós todos os átomos...

Que em cada beijo teu, nasça uma estrela;
Enquanto em minha vida eu puder tê-la,
Acendam-se mil astros reluzentes...

E quando eu te perder, faça-se o inverso:
Apaguem-se as estrelas do universo
Se eu não puder te amar completamente
.

Ciro di Verbena

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Solidão Fugaz?


Solidão Fugaz?

Ouço no peito infinda solidão;
- monótona, absoluta, -
Marcada ao compasso das batidas
De um coração tristonho e só.

E no compasso da alma enamorada
- lembranças frias, tétricas. –
Paira ao luar, perolizado,
Um rosto, por estrelas circundadas!

Infinda solidão... A Lua é cheia;
As almas lúgubres, vazias.
A solidão é cúmplice da Lua.

A noite é um túmulo petrificado...
- vultos entre escombros. –
Mas, toda noite passa, e vem o dia!

Ciro di Verbena

Soneto da Covardia

O que dizer de mim se ando perdido
Mergulhado no mar da solidão
E meus desejos, todos, hoje são,
Escombros de castelos implodidos?

Falar de amores não correspondidos?
Quem há de ouvir lamúria sem razão
Se eu tenho o mundo todo em minha mão
E meu clamor não passa de um gemido?

Tenho o pleno domínio do universo
Nas asas consistentes de meus versos
E nada sei de mim, nem do que sinto...

Só sei que grito ao mundo versos tantos
De amores, ilusões, sorrisos, prantos,
Mas ao falar de mim, apenas minto!...


Ciro di Verbena

terça-feira, 12 de janeiro de 2010



A Noite e o Querubim (Soneto Pernóstico Concreto)


À noite a noite há noite em tudo
Escuridade fétrica misteriosada
Lambda amarga de amargância
Amar amarga ânsia renegada

A noite fere a noite fere as almas
Solidando tristendo com/passado
Mastelando em uníssono trinadora
Mar-lactante lembranciando apeixonado

O que/rubim modestro falange serpentário
Emergentio peixonando à noitrugada
Amanhesilva devasso placentário

A noite difamética meretrizada
Devor/adora o querubim engolidário
Extrelanuras do dia roubanhadas

Ciro di Verbena

Poema Infinito...



Poema Infinito

Tenho um poema infinito
Para os que não tem tempo de sentir poesia;
É pena que se o verso vier da mente
Pouco tem a dizer ao coração...

E as pessoas teimam em sucumbir à força da razão!

Homens-Bomba interessam mais
E não há tempo para as utopias...
É hora das notícias nos telejornais!

Falar de amor e de esperança
Já não é mais assunto de poeta...
Não se pode tomar as virtudes
Das entidades assistenciais!

E o meu poema infinito se traveste em símbolos;
Caracteres de uma fonte “times new roman”
Perdido em meus arquivos pessoais...

Eu, poeta virtual, não grito
Não reclamo, não blasfemo
E adormeço
No sofá da sala de estar
Em frente a televisão...

Meu “laptop” há de salvar
O meu poema
Que por certo apagarei
Quando acordar!

Ciro di Verbena

Metamorfose...




Metamorfose

Era um silêncio de fuga,
Silêncio de chuva,
Garoa fina,
tarde morna,
Verão...

Era um momento de sonhos,
Íris de arcanjos,
Metamorfose!...

O que eu era em verdade
Não sei...

Era um anjo criança talvez
Olhando a vidraça embaçada
Vendo a chuva caindo calada;
Um retrato da minha nudez!

O que eu era?...
Confesso: -
Não sei!

Ciro di Verbena

Sol sem Luz...


Sol Sem Luz (Soneto Monossilábico)


O Sol, no céu, me dá o tom da luz,
da cor, do som que me vem nu, que traz
na luz do Sol, no céu a cor da cruz
e sem ter dó em luz de dor me faz!


A dor que vem é dom que não faz jus
à cor, ao tom, à luz que tem na paz
E nu me faz à luz do Sol que pus
no céu de dor, e cor, e luz... não mais!


No céu de dor de um Sol sem par, na fé
eu vou, de luz em luz, na dor e sei
que a cor e o tom da luz de dor me vem...


E traz a mão que faz a cor da lei
da dor que vem, e sei que luz não é;
No céu de dor, meu Sol a luz não tem!


Ciro Di Verbena

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Labirinto...(Soneto Inglês)




Labirinto – Soneto Inglês

A humanidade deixa-se, vencida,
Contaminar-se inteira no veneno
Da mesquinhez de um coração pequeno
Ante a grandiosidade desta vida!
Caminha em labirinto sem saída;
O tempo inquisidor, de olhar sereno,
É tempestade intensa ou vento ameno,
É luz e escuridão, cura e ferida;
Mentes insanas e almas pervertidas,
Pedem bem mais, entregam-se bem menos,
Neste mundo feroz onde hoje vemos
A esperança de paz ser destruída!...

A humanidade é escrava de seu ego
E de um egoísmo mudo, surdo e cego!...


Ciro di Verbena
Soneto Inglês ou Shakespeariano
Versando básicamente sobre o intelecto, o soneto Inglês consiste de três quadras com rima do tipo "abba abba abba", seguida por dois últimos versos que também rimam entre si (aa).
Nas três primeiras quadras apresenta-se um longo depoimento, enquanto que nos dois últimos versos uma breve conclusão é apresentada.

A minha vida é tua...





A minha vida é tua... Não me faça
Perder-me no silêncio dos teus lábios;
É tão triste entregar-se por inteiro,
Sem saber-se importante ao ser amado...

A minha vida é tua... Não há nada
Que possa me afastar do meu intento;
Ninguém pode omitir em vil silêncio
Os sussurros de amor que da alma nascem...

A minha vida é tua... Sem receio
Entrego totalmente meus sentidos
Sem nada lhe pedir por recompensa...

Meu tesouro maior é estar contigo;
Nem preciso saber por quanto tempo...
A minha vida é tua... Para sempre!